O Grávido (cronica de um cronísta cronado)

-Bom dia doutor
-Bom dia. Qual é o seu nome?
-Evaldo Vasconselo Cunha
-Nome do pai?
-(sinal da cruz)
-Não, nome do seu pai?
-Abilho Vasconselo
-Nome da mãe?
-Craudia Souza Cunha.
-ahn,com L né?!
-é
-O que te trouxe aqui?
-Sabe doutor, eu estou grávido.
-kkk, Como é que é?
-É isso mesmo doutor, eu estou grávido. tenho certeza.
-Ah, grávido?
-Isso mesmo, tenho todos os sintomas.
-Você sabe que isso é impossível né, visto que você é homem.
-Pois é, mas mesmo assim eu estou e não há quem me faça crer o contrário!
-Vou te indicar a um psiquiatra amigo meu, ele é ótimo.
-Por que doutor? você acha que meu problema é grave?
-Não, não. Uns dois ou três comprimidos por dia resolvem.
-Ah, mas o senhor doutor acha que ele vai nascer saudável?
-Olha meu amigo, eu acho que você tem problemas sim, vou marca um horário com o doutor amio meu aqui e ele vai te ajudar com isso.

(15 dias após o agendamento, o senhor Evaldo se encontra diante do doutor Marlon Brando Castaneda, psiquiatra e psicanalísta, relatando sua infância e seus traumas.)

-Mas doutor, você não disse nada sobre a minha gravidez?!
-Bem, então, fale-me mais sobre isso:
-Pois é, aconteceu perto do natal.
-Você teve relações homossexuais perto do natal?
-Não, não foi bem isso. Ele chegou no meu ouvido e suspirou uma coisa.
-Ele? Como ele era?
-Era feio, mas as coisas que ele me sopro ao ouvido...
-Hum, fale mais sobre ele. Como ele se chamava?
-Noel alguma coisa. Mas eu acho que ele não era bem real
-Ahn, to entendendo. (tomando nota e lendo em voz alta) Você então foi engravidado por um homem chamado Noel, perto do natal. E o homem não era bem real.
Por acaso não era o papai Noel?
-É, ele é o pai sim.
-Me fale mais sobre as coisas que ele disse no seu ouvido.
-Olha doutor eu não entendi bem o que ele me disse. Só sei que foi muito bom.
E também, antes de nascer agente não sabe bem o que vai ser né.
-Ah. Mas senhor Evaldo, o senhor me parece bem, feliz. O que te incomoda nessa sua gravidez? Enjôo alguma coisa do tipo?(o psiquiatra passou a entrar na alucinação do seu paciente, para tentar resgata-lo a realidade)
-É, eu sofro às vezes, parece saudade, uma coisa no peito. Mas dizem que se não tiver sofrimento não sai bom né?!
-É? é o que dizem?
-É, o Vinícius sempre falava isso. E olha que ele já teve um bocado de filhos bons.
-Ahn, quem é esse Vinícius?
-Já morreu, mas era ótima pessoa.
-Mas então, me conta mais sobre a sua gravidez?
-Pois é isso que eu te falei. Foi no natal, que o espírito me soprou umas coisas e ai eu engravidei, já te falei isso.
-Péra ai, você esta grávido de um espírito? Por acaso é o espírito de natal?
-É, eu acho que sim, mas isso não importa. Eu estou preocupado é com o tempo.
-Fale mais:
-Pelas minhas contas, janeiro,fevereiro,março,abril,maio,junho,julho,agosto,setembro. Setembro pro carnaval só faltam 5 meses. Eu acho que num vai dar tempo de ensaiar.
-Ahn, não entendi nada. Repete?
-É que eu quero que meu filho desça esse ano já!
-No carnaval?
-É, com a nossa escola.
-Ah, mas cinco meses é muita coisa para ensaiar.
-Pois é, mas nesse tempo tem que fazer todas alegorias, fazer as viradas de surdo, de repinique, de tamborim, ensinar todo mundo, e fazer “pegar” na galera. Tudo isso em 5 meses. Muito pouco tempo.
-É, visto dessa forma é muito pouco tempo mesmo.
0Mas então, você já tem algum palpite sobre o que a criança vai ser?
-Ah doutor, não sei se é canção ou enredo, mas tenho certeza que é Samba.