
Foto
Sobre meus olhos poetizo a vida
E dela faço figurante
Desdobro e dobro seus viajantes
Em figura simetricamente indefinida
Mostro-lhes a luz indeferida
Por uma outra vida errante
E no papel faço dela sombra vazante
Que toca o ponto de fuga da ferida.
Eterna foto, de ti não serei comedida,
Não pouparei elogios caso me deixes arfante
E nada hesitarei caso me deixes exultante
Só te peço, não passes por mim apenas na ida.
Volte, me arrebates em pensamento, me deixes vencida
Faça de mim algo incessante
Até que eu fique estonteante
E ti olhes com olhos de apenas um passante
Fotografia e Texto: Marina Passos